Uma pesquisa sugere que países com programas de vacinação para tuberculose são menos afetados pela Covid-19 e vacina segue sendo estudada para evitar o coronavírus.
A vacina BCG, voltada originalmente para prevenir versões graves da tuberculose, ganhou os holofotes por supostamente diminuir o risco de infecção pelo novo coronavírus. Segundo um estudo do Instituto de Tecnologia de Nova York, nos Estados Unidos, países que incluíram esse imunizante há décadas nos seus programas de vacinação populacionais seriam menos afetados pela Covid-19.
O levantamento cita os exemplos da Itália e dos Estados Unidos. Ambos os países não administram a vacina BCG em toda a população e estão sofrendo com o coronavírus.
Mas calma: profissionais de saúde vêem limitações importantes nessa pesquisa. Para citar uma falha, a França e o Reino Unido foram utilizados como outros bons exemplos de que a vacinação contra tuberculose afastaria o risco de coronavírus — as duas nações aplicaram a BCG em toda a população da década de 1950 até a segunda metade dos anos 2000. Só que os dados usados no estudo já estão obsoletos.
Hoje, ao menos 77 226 franceses pegaram a Covid-19 e 10 313 morreram. No Reino Unido, foram 55 246 casos e 6 159 óbitos. São números expressivos, que atestam, no mínimo, que esse imunizante não é a salvação contra o coronavírus.
Em nosso país, a vacina BCG é aplicada com uma dose única em bebês na maternidade, ou ainda no primeiro mês de vida. Se mais doses fossem administradas por um motivo qualquer, poderíamos sofrer com um desabastecimento.
Vale lembrar que, em 2019, vários estados precisaram racionar esse imunizante por problemas de distribuição. Imagine o que uma demanda extra poderia fazer em 2020.
Benefícios da vacina BCG contra doenças respiratórias
A ideia de avaliar o potencial dessa injeção na prevenção da Covid-19 não surgiu do nada. Estudos anteriores indicam que ela reduz o risco de certas infecções respiratórias, em especial as causadas por vírus.
Uma pesquisa dinamarquesa de 2017 com mais de 4 mil bebês mostrou que a vacina BCG reduziu consideravelmente a mortalidade deles. Especula-se que a injeção ajuda a estimular parte do sistema imunológico dos pequenos.
Ainda assim, não há nenhum artigo publicado que avalie o efeito do imunizante frente ao Sars-CoV-2. No momento, experimentos na Holanda, Grécia, Austrália e Reino Unido estão sendo conduzidos.