A pandemia fez com que a confiança na ciência aumentasse: de acordo com um estudo feito pelo Edelman Trust Barometer, 85% das pessoas no mundo acreditam que é preciso ouvir mais os cientistas e menos os políticos. No Brasil, a porcentagem foi de 89%.
A palavra ciência nunca foi mencionada tantas vezes. Por mais que já tenhamos tentado chamar atenção que existe ciência em todos os momentos da vida de uma pessoa, desde a comida que ela come, a roupa que veste e os óbvios instrumentos que utiliza em seu trabalho ou lazer, a consciência sobre a importância da ciência não havia sido atingida com tanta intensidade como agora.
A ciência tornou-se hoje, no mundo, a grande protagonista pautando o debate público e propondo formatos necessários e urgentes para políticas de ciência e tecnologia. A comunidade científica brasileira reagiu com agilidade a desafios até poucos meses antes desconhecidos, mostrando por que é essencial manter um sistema sólido e internacionalizado de ciência e tecnologia e de formação e recursos humanos, que só pode ser garantido por políticas de longo prazo e continuidade de financiamento público.
Atualmente existem dois tipos de profissionais que estão em contato direto com o coronavírus: os profissionais da saúde, que estão cuidando dos pacientes em hospitais, e os cientistas, que buscam entender a biologia do vírus, o desenvolvimento da doença, o melhor tratamento e o como controlar a atual situação.
Os primeiros (médicos, enfermeiros, equipes de hospital) são afetados pela dor e sofrimento dos pacientes, pela ansiedade dos parentes que não têm contato com os doentes e na tomada de decisões difíceis que envolvem a vida e a morte desses pacientes atingidos pelo vírus. Os segundos (pesquisadores e cientistas) sofrem da angústia de correr contra o tempo e com a necessidade de andar no ‘tempo da pesquisa’, que requer a manutenção da qualidade de coleta de dados para que possam ser interpretados com precisão e rigor científico.
Mas, a ciência sozinha, porém, não resolve todos os problemas. São igualmente necessárias políticas públicas adequadas baseadas no conhecimento produzido. E é preciso ainda levar informação científica à sociedade para que, informada, ela não se deixe levar por afirmações distorcidas, não fique refém de fake news e não permita a politização da saúde e do medicamento.